segunda-feira, 6 de junho de 2022

Cidadania e Desenvolvimento - Quanto Mais Me Bates Menos Gosto de Ti

 

Sara Costa, 12.ºD


Entrevista 
– Relatos de violência no namoro

Espaço da entrevista: Cenário de Exterior 
A: Entrevistador
B: Entrevistado

A: Bom dia, estamos aqui nesta praça central com o intuito de entrevistar três testemunhas sobre a violência no namoro.
Estou neste momento acompanhado pela Senhora Carla, uma mulher de 24 anos, que habita nos prédios que se encontram na minha retaguarda.
Dona Carla, já foi vítima de violência no namoro?
B: Acredito que sim. Tinha apenas 16 anos na altura. O meu conhecimento sobre o assunto era muito breve , pelo qual não me apercebi de imediato.
A:E quando é que entendeu que era uma vítima?
B: Após dois anos de namoro abusivo. A minha mãe começou a entender que algo estava errado. Começou a pressionar-me até que lhe contei a verdade.
A:O que é que acontecia no seu relacionamento?
B: O meu parceiro era bastante ciumento. No início achava querido. Ele era protetor. Mas tudo começou a descambar quando ele pegou no meu telemóvel, sem permissão, e lia as minhas mensagens com as minhas amigas. Passou a ser um hábito rotineiro. Sempre que algum rapaz mandava alguma coisa ou pedia-me para seguir nas redes sociais, ele bloqueava-o. 
A: Esses comportamentos abalavam-na?
B: Abalar, se calhar não, mas achava estranho. Não prestei muita atenção. Eu apenas comecei a sentir-me realmente reprimida quando ele não me deixava sair com os meus amigos. Saia da escola e tinha que estar com ele. Ou em casa. Ele sempre usava o mesmo argumento de que “ Nós somos um casal”. Chegou a uma etapa que me sentia deprimida, pois já não convivia quase com ninguém. E foi nessa altura que a minha mãe se apercebeu que alguma coisa estava errada no meu relacionamento.
A:Foi complicado terminar esse relacionamento que já durava á dois anos?
B: É sempre complicado terminar um relacionamento. Nos primeiros tempos eu ponderava se tinha feito o correto, mas mais tarde percebi que sim. Sou uma mulher livre agora.
A:Gostaria de dar algum concelho às pessoas que poderão estar na mesma situação?
B: Se a pessoa vos ama, ela não vos controla. Acho que é isto.
A:Muito obrigada pelo seu relato.
B: Obrigada eu.
A: Prosseguindo, tenho aqui do meu lado a Dona Maria de 36 anos, que aceitou esclarecer algumas questões sobre este assunto de tamanha importância.
Dona Maria, tem conhecimento do que é a violência no namoro?
B: Tenho uma ideia geral.
A: Alguma vez foi vítima?
B: Infelizmente sim.
A: Poderia partilhar um pouco da sua experiência?
B: Honestamente não gosto de tocar muito no assunto. Foi uma fase complicada da minha vida entende? O meu ex parceiro sempre se demostrou muito carinhoso e amigável, no entanto, na nossa primeira vez ele tornou-se agressivo e controlador. Mesmo que lhe dissesse que não queria mais, ou queria parar, ele sempre arranjava uma desculpa para continuar. No dia seguinte terminei a relação.
A:Foi uma atitude corajosa da sua parte. Como se sente em relação a isso?
B: Apenas fiz o que me sempre ensinaram. Toda a gente merece ser respeitada, não importa se for num relacionamento amoroso, familiar ou de amizade. E quando uma pessoa diz não, é não e ponto final.
A:Muito Obrigada.
A: Passaremos, então, para o nosso último testemunho com a Rita, uma estudante de 21 anos.
Rita, alguma vez teve uma experiência de violência no seu relacionamento?
B: Felizmente, não! Mas conheço quem teve.
A:Poderá dar-nos alguma informação?
B: Acredito que sim, desde que fico no anonimato. O meu melhor amigo esteve numa relação abusiva. Desde o começo que eu não confiava na namorada dele. Ela era do pior. Inferiorizava-o não apenas quando estavam sozinhos, como também quando estavam entre amigos! Ela criticava-o a toda a hora. Insultava-o a torto e direito. E depois ainda o ameaçava deixá-lo, quando ele lhe fazia frente!
A:Como é que ele conseguir libertar-se dessa relação?
B: Não foi nada fácil! Eu e a família dele tentávamos incentivá-lo a deixá-la, mas ele já se tinha tornado completamente dependente dela. Depois de lhe destruir a confiança e autoestima, a rapariga terminou com ele.
A:Como é que se deu a fase de superação?
B: Muito trabalho e esforço de todos aqueles que lhe eram próximos. Além da ajuda psiquiatra que ele teve de receber. Ainda está a sarar, vai deixar marcas, com certeza, mas tenho fé que ele sairá disto muito mais forte!
A:Temos a certeza que sim. Muito obrigada pelo seu comentário.
A violência no namoro é um ato de violência, pontual ou continuo, cometida por um ou ambos parceiros numa relação no namoro.
Segundo as estatísticas de um estudo realizado pela APAV, no ano de 2020, de uma amostra total de 4598 sujeitos, 58% já sofreu abusos no namoro, sendo 56% do sexo feminino, 43% do sexo masculino e 1% não identificado.
Segundo o OVN, em 2020 existiram no total 69 denuncias, sendo que apenas 8% foram denunciadas pelas próprias vítimas, e cerca de 75% das violências, a nível nacional, não são reportadas às autoridades.
Se sofre ou conhece alguém que sofre de violência no namoro, não hesite em pedir ajuda. Poderá dirigir-se á esquadra ou entrar em contacto com APAV, Associação Portuguesa de Apoio á Vítima, através do seu site oficial https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/ ou contacte a linha telefónica, pertencente á mesma, 116 006.

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