Afonso Barbosa, As Divindades que Vivem em Mim, técnica mista
Memória Descritiva
”As Divindades que Vivem em Mim"
"No trabalho livre deste período utilizei figuras místicas “divindades” para me representar nas diferentes facetas. Para tal comecei por fazer um rascunho com recurso a pastel seco em cima da tela. Estou em primeiro plano de costas para os espectadores direcionando o meu olhar para as “ divindades “.
No princípio do trabalho tinha a ideia de representar pessoas que eram importantes para mim mas, devido a acontecimentos durante a realização do trabalho, as ideias mudaram tornando- se um trabalho autobiográfico. Com o rascunho terminado comecei a aplicar tinta acrílica nas personagens do quadro e, como podemos observar, as “divindades “ perderam as suas características humanas, tendo algumas sido transformadas parcial ou totalmente em elementos da natureza ou animais.
Nas primeiras aplicações de tinta acrílica algumas ideias de “divindades “ foram criadas e abandonadas, como por exemplo as raízes verdes que saiam dos olhos de algumas personagens que foram alteradas para se tornarem asas, e a “divindade” no lado esquerdo do quadro foi transformado em um cão. .As “divindades” que se encontram ao meio da tela possuem elementos naturais, tendo o do meio bolhas e o que está mais à direita um buraco negro. Para desenhar as bolhas na face da “divindade“ central utilizei o pastel seco, pois assim consegui transmitir a mensagem de fragilidade mais facilmente. Para a “divindade” à sua direita desenhei o buraco negro com recurso a tinta acrílica de cores azul e laranja, sendo que uma é complementar da outra, dando um efeito de profundidade no buraco negro.
A “divindade” que tem focinho de cão é inspirada numa música da artista Mitski que se chama “I bet on losing Dogs“. A música é sobre amores falhados e o desejo de ter alguém que nos ame. Esta música é muito pessoal, pois como a artista Mitski sente que só aposta em amores falhados, o mesmo acontece comigo, tendo a “divindade” com focinho de cão auréolas em volta dos olhos, simbolizando a “dificuldade “ em encontrar o amor. A “divindade que como cara tem um buraco negro representa a maneira como lido com a minha ansiedade, que é ”comendo os sentimentos”, não lhes dando importância quando me começam a incomodar. <representando assim um buraco negro que engole tudo que esteja perto. A ”divindade” que possui bolhas em metade do seu rosto representa a fragilidade que não só eu mas todos têm, tendo cada pessoa as suas vulnerabilidades e individualidades. E, por fim, as divindades com asas nos olhos são um reflexo de mim sendo observadores do que me acontece."
Afonso Barbosa, 11.ºE
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